sábado, 3 de outubro de 2009

UM DIA FATAL

Num acordar silencioso,
deparo-me com tal situação.
Vendo meu quarto cheio de gente
e eu ali, deitada no colchão.
De olhos fechados, ainda vestida
com a minha roupa de dormir, então:
No impacto, de olhos arregalados
sem entender, tento gritar, mas:
Onde está o som da minha voz,
que eu grito e não a ouço?
Tento olhar as pessoas nos olhos,
mas ninguém olha pra mim.
Ando de lá para cá, dentro do quarto.
Vou à cozinha e ao passar pela sala
vejo mais pessoas sentadas no sofá.
Sento no meio das minhas irmãs e elas
se entreolham como se não me vissem.
Estão chorando.
Fico em reflexão por minutos
olhando todos que estão ali.
Vejo alguém que inconformada
porém sem forças pra chorar,
só consegue soluçar baixinho.
Parentes e amigos, a casa está cheia.
Vejo a minha mãe, e... sorrio,
mas como pode?
Ela já está desencarnada, porque está aqui?
_Como ela está linda!
E contornada por luz clara, num canto
de braços abertos, sorri para mim.
Aconchego-me no seu abraço
e num instante mágico...
estamos voando rumo ao céu.
De repente:
Olho e não reconheço ninguém
que também no espaço, se voltam
para olhar nós duas, como se fôssemos
pássaros cujas penas eram feixes de luz .

19/09/2009
Sonia Barbosa Baptista
Publicado no Recanto das Letras em 19/09/2009
Código de texto: 1819141

Nenhum comentário: