Sempre foi assim nessa noite. Lembro-me bem do meu tempo de criança, a festa no pátio em frente da escola do bairro. Eu estudava lá. Era peixinho da professora. Apesar de ter sido uma aluna quieta, era uma das mais levadas de lá, por isso vivia no castigo ajoelhada no milho, fora as reguadas que levava nas costas, enquanto cumpria castigo.
Ainda assim, eu era a preferida da professora, porque, quando as batatas doces e a cana, que estavam na fogueira ficava assadas, ela me chamava e me dava, enquanto os alunos tentavam conseguir um pedaço. Fora o susto que eu levava ao ouvi – la, chamando meu nome, por instante, esquecia que estava numa festa, e tremia toda de medo. A festa transcorria com a fogueira acesa e lindas músicas que deixaram recordação. Era um espetáculo aos meus olhos de menina. Quantas saudades de mim mesma!
Lembrar que já fui criança e desde cedo, cheia de responsabilidades com meus irmãos menores, faz de mim, uma mulher, com a sensação que viveu a época certa, na casa certa, com a família certa.
Esse dia frio de São João, com chuva fina, levou-me a recordar um passado distante.
24/06/2008
Publicado no Recanto das Letras em 22/12/2008
Código de texto: T1349132
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